quarta-feira, 27 de junho de 2012

E Banguela ou Benguela?


E Banguela ou Benguela?
Hoje em dia vemos muitas duvidas com relação ao nome correto deste toque seria banguela ou benguela , estarei trazendo um breve estudo nesta postagem em relação ao nome.
Benguela é uma cidade e município, capital da província de  Benguela, no oeste do país. Tem 2 100 km² e cerca de 513 mil habitantes. Limita a Norte com o município do Lobito, a Oeste com os municípios de Bocoio e Caimbambo, a Sul com o município de Baía Farta e a Oeste com o Oceano Atlântico. O município divide-se em seis comunas: Zona A, Zona B, Zona C, Zona D, Zona E e Zona F.
Fonte : Wikipédia
Banguela
 a2g.
1. Que não tem dentes, ger. os da frente; BENGUELA; CANHANHA; DESDENTADO: "... conforme aquela vermelha boca banguela toda abriu e me mostrou." (Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.))
2. Do ou ref. ao povo africano dos benguelas, ou banguelas, que tinha o hábito de arrancar os dentes da frente; típico desse povo.
s2g.
3. Indivíduo dos benguelas, povo banto da região de Benguela (África); BENGUELA4. Quem não tem os dentes, ger. os da frente; BENGUELA; CANHANHA; DESDENTADO  [F.: Do top. Benguela.]Na banguela
1 Bras. Pop. Em ponto morto (o veículo, esp. quando avançando num declive).
Fonte : dicionário aulete digital
. Muitos capoeiristas chamam o toque de benguela, em uma alusão à cidade angolana Benguela, mas segundo alunos de Mestre Bimba e outras pessoas que com ele conviveram diretamente, o mestre chamava o toque de banguela inclusive seu filho Mestre Nenel no documentário exibido pela ESPN sobe o nome Ofio da navalha segue o link http://www.youtube.com/watch?v=yzlvaTc7g1w&feature=relmfu  e exatamente aos 6:36 vemos Mestre Nenel falar banguela .
Os que defendem o nome benguela  se baseiam dizendo que e uma homenagem a cidade de Benguela em Angola, afirmam que Mestre Bimba era analfabeto e não sabia a pronúncia correta por isso ele dizia Banguela .
Vem a pergunta se o pai registra o filho com a escrita do nome errado agente altera ou  deixa como o pai registrou ? Foi Bimba quem criou ele falou Banguela analfabeto ou não foi ele que falou e para tirarmos o restante da duvida postei no you tube  o toque tocado pelo proprio mestre Bimba no seu LP lançado em 1969 que ainda contem a imagem escrita na parte de traz do LP Banguela que com certeza se fosse errado alguém da gravadora ou ele mesmo teria corrigido segue o link do vídeo http://www.youtube.com/watch?v=2_yUkIHV3H8 .
E isso ai capoeira quem quiser os mp3 do LP entrar em contato comigo, axé a todos.
ASS: golfinho

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Musica da semana

 
Salve pastinha , bimba , meu mestre guerreiro e cobra mansa axe filhos de nzambi

Origem da Capoeira


A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte-marcial, esporte, cultura popular e música.
Desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos com alguma influência indígena, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.
Uma característica que distingue a capoeira da maioria das outras artes marciais é a sua musicalidade. Praticantes desta arte marcial brasileira aprendem não apenas a lutar e a jogar, mas também a tocar os instrumentos típicos e a cantar. Um capoeirista experiente que ignora a musicalidade é considerado incompleto.
O termo capoeira aparece pela primeira vez em 1712, por Rafael Bluteau, em seu livro "Vocabulário Português". Propostas Empregadas ao Termo 


Jogar Capoeira ou Danse de la Guerre, de Johann Moritz Rugendas, de 1835



Antônio Joaquim de Macedo Soares, fez contestações quanto as proposições apresentadas por José de Alencar, que atribuiu ao Tupi CAA-APUAM-ERA, traduzido por "mato cortado", e pelo Visconde de Rohan de que o tupi Copuera, significando "Roça velha", viesse a se transformar no termo capoeira.
A palavra capoeira é originária do tupi-guarani, que significa "o que foi mata", através da junção dos termos ka'a ("mata") e pûer ("que foi")[1]. Refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil onde era praticada agricultura indígena. Acredita-se que a capoeira tenha obtido o nome a partir destas áreas que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata. Capoeiristas fugitivos da escravidão e desconhecedores do ambiente ao seu redor, frequentemente usavam a vegetação rasteira para se esconderem da perseguição dos capitães-do-mato.
Macedo escreve: "Capuer", capoêra é pura e simplesmente o guarani caá-puêra, mato que foi, atualmente mato miúdo que nasceu no lugar do mato virgem que se derrubou. A proposta mais coerente considerada sobre a luta capoeira é do estudioso argentino, radicado no Brasil, Adolfo Morales de Los Rios Filho, onde, segundo sua lógica, o termo capoeiros era empregado aos escravos carregadores quase exclusivos dos grandes cestos chamados "capu" (a justaposição do termo indígena "ca", que se refere a qualquer material oriundo da mata, da floresta, com "pu" referente a cesto, forma o termo "ca-pu", que significa cestos feitos com produtos da mata).

A capoeira como luta, na hipótese de Morales, teria nascido nas disputas da estiva, nas horas de lazer, nas "simulações de combate" entre companheiros de trabalho, que pouco a pouco se tornariam hierarquias de habilidade
Outras expressões culturais, como o maculelê e o samba de roda, são muito associadas à capoeira, embora tenham origem e significados diferentes.
A história da capoeira provavelmente começa com o início da escravidão africana no Brasil. A partir do século XVI, Portugal começou a enviar escravos para as suas colônias, provenientes primariamente da África Ocidental. O Brasil, com seu vasto território, foi o maior receptor da migração de escravos, com quase quarenta por cento de todos os escravos enviados através do Oceano Atlântico. Os povos mais frequentemente vendidos no Brasil faziam parte dos grupos sudanês (composto principalmente pelos povos Iorubá e Daomé), guineo-sudanês, dos povos Malesi e Hausa e do grupo banto (incluindo os kongos, os Kimbundos e os Kasanjes), provenientes dos territórios localizados atualmente em Angola, Congo e Moçambique.
A capoeira ainda é motivo de controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento e o início do século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis com descrições sobre sua prática.
Teriam os escravos trazidos da África a capoeira ou teriam criado aqui no Brasil? Esta é uma dúvida que até hoje divide folcloristas, etnógrafos e estudiosos no assunto.

Não temos registro da existência da capoeira ou qualquer outra forma similar à capoeira no continente africano. Em 1966, Inezil Penna Marinho esteve em Angola pesquisando uma possível origem da capoeira, chegando a conclusão que ela era inteiramente desconhecida lá, quer entre os eruditos, quer entre os nativos, a cujas festas religiosas e danças guerreiras assistiu.

A situação dos negros escravos aqui e no seu país de origem era muito diferente: Lá eram livres, aqui escravos.

Logicamente foi no Brasil que a capoeira teve suas raízes formadas.

Nas práticas religiosas a que os africanos se entregavam, as danças litúrgicas, ao som de instrumentos de percussão, desempenhavam papel de grande relevância, pois o ritmo bárbaro exacerbava-lhes a gesticulação, exagerava-lhes os saltos, exercitava-os na ginga do corpo, dotando-os de extraordinária mobilidade, excepcional destreza, surpreendente velocidade de movimentos. E é a estes rituais religiosos, que pesquisadores atribuem o surgimento da capoeiragem.

Disse Charles Ribeyrolles, um francês que aproveitou o tempo vivido em nossa terra - exilado por Napoleão III - para retratar os costumes do lugar: "No sábado à noite, finda a última tarefa da semana, e nos dias santificados, que trazem folga e descanso, concedem-se aos escravos uma ou duas horas para a dança. Reúnem-se no terreiro, chamam-se, agrupam-se, incitam-se e a festa principia. Aqui é a capoeira, espécie de dança pírrica, de evoluções atrevidas e combativas, ao som do tambor do congo.".

Capoeira - Arte Marcial Brasileira Por ocasião da Guerra do Paraguai, muitos capoeiras foram enviados para a frente de batalha, lá se fizeram heróis, portadores de grande sangue frio, coragem e audácia (tendo-se em conta que a maioria dos combates exigiam muitos confrontos corpo à corpo). 

Porém, a luta da Capoeira não acontece com objetivo de competição entre os camaradas. Quando o jogo degenera em luta explícita, já não ocorre a Capoeira. O objetivo da luta é tornar o capoeira senhor de si mesmo e integrado ao grupo.


espero que tenham gostado e acrescentado mais ao conhecimento de todos, nas próximas pastagens estaremos postando mais sobre instrumentos e alguns mestres mais conhecidos
 aquele axé camara
att: golfinho 

domingo, 22 de abril de 2012

As Maltas de Capoeira Carioca.

Capoeiragem no Século XIX


"Desenho de Sales, de 1942, que tenta reconstruir o embate entre duas maltas cariocas no final dos 1800s."

A capoeira vai ter sua presença registrada como grupos de sócio-fronteiras, a partir de meados do século XIX, tanto no Rio de Janeiro como no Recife.

No Rio, ela se apresentou organizada em verdadeiras confrarias denominadas Maltas. Seus nomes variavam conforme a freguesia em se organizavam (espaços de sócio- fronteiras). A partir da década de 50 do século XIX se consolidam as mudanças: ampliação do espaço para atividade secundária e terciária, juntamente com o crescimento de segmentos livres, e com ele a ‘viração’. Essa ampliação de espaço deu oportunidade também à constituição de um mercado onde se ofereciam e compravam ‘experiências’, assim como já ocorria com o jogo da força de trabalho. Essas experiências adquiridas no cotidiano da viração e da vadiagem, ganharam um valor de troca. Assim, as habilidades da capoeiragem passaram a ser compradas pelo jogo político partidário.
A capoeira a serviço de liberais e conservadores foi um eficiente instrumento de pressão no processo eleitoral (DIAS, 1993: 127). Por vezes os poderes se misturavam, como vemos neste comentário de cronista da Revista Ilustrada, 1878, n.º 124:

"Acabaram-se as eleições, e a esta hora jazem a um canto o sabre do urbano e o cacete do capoeira, os dois reguladores da soberania nacional."

A capoeiragem foi se afastando de sua condição original de prática urbana de resistência negra, assumindo um papel de ameaça à população e à ordem pública, fato legitimador da violenta repressão sofrida pela capoeira durante os primeiros anos da República.

Entre 1850-1900 -, as maltas cariocas absorveram os escravos e libertos crioulos (nascidos no Brasil) - os escravos creoulos eram uns 30% em 1850, os livres eram 60% em 1881; os estrangeiros eram 22% em 1885; pardos e mestiços, imigrantes portugueses pobres - os engajados -, os malandros vindos do Porto e de Lisboa - os fadistas -, brancos brasileiros pobres e de outras classes sociais, militares, policiais, jovens estroínas ricos e violentos da jeunesse dorée carioca - os elegantes cordões - e seus equivalentes portugueses - os marialvas -, marinheiros brasileiros e de muitas outras nacionalidades - muitos deles, desertores -, estrangeiros das mais diversas nacionalidades - em 1891, p.ex., Moyses Corull, um negro norte-americano residente à rua da Saúde, foi preso por estar em "exercícios de capoeiragem" (SOARES, 1994, p.134).

A influência dos portugueses fadistas - os malandros e valentes de Portugal - foi grande nas Maltas, já vinham "formados" de grandes centros como Porto e Lisboa. O fadista português não apenas se adaptou, como influenciou o mundo da capoeira carioca. Seu maior legado foi a navalha - que já era cobiçada no início dos 1800s, mas não ainda como o emblema da capoeira por excelência -, um símbolo da "Mouraria lisboeta". Mestre Jair Moura nos explica em “Evolução, apogeu e declínio da capoeiragem no Rio de Janeiro, 1985”:

Poucos capoeiras usavam armas de fogo e quase todos davam preferência à navalha, arma traiçoeira que melhor se ajustava ao seu sistema de pugna. Esta temível arma branca, denominada em Portugal de Santo Cristo, companheira inseparável do fadista truculento, agressivo, só podia ser neutralizada, enfrentada, pelo tiro ou a bengala, quando desferido, ou manejada, por um indivíduo dotado de destreza ou habilidade, como acentua o ilustre Ramalho Urtigão... No Brasil, a maioria dos que se exercitava no treinamento da capoeiragem, ajuntaram a navalha do fadista lusitano.

Além do Santo-Cristo - a navalha de ponta dos fadistas da mouraria lisboeta -, temos de lembrar que o jogo de pau era extremamante popular em Portugal; e não esquecer que os bastões, porretes e bengalas - algumas especiais, como a Petrópolis -, era parte importante e básico no arsenal do capoeira (e também do mundo marginal carioca de 1850-1900).

As maltas de capoeira cariocas como a do Recife nos 1800s, foi fruto de uma opção política e vivencial, referenciada numa experiência social e cultural, alimentada pela vontade de participar em processos culturais e políticos, e levada a cabo com uma maneira de agir, lúcida, inteligente, malandra.

Quase todos os verdadeiros capoeiras foram do serviço de altos personagens políticos, e tudo o que fizeram foi contando com a proteção desses personagens, ou por mando deles. Serviram em todas as situações e a todos os governos da Monarquia.

No Rio - ao contrário da Bahia -, contrariando as afirmações de muitos "puristas" que reclamam do "embranquecimento (recente, das últimas décadas) da capoeira", a capoeira foi miscigenada quase que nos seus primórdios. Capoeirista "foi desde a nobreza, com o Barão do Rio Branco, dentre outros, até o negro escravo.

A capoeira vai ter sua presença registrada como grupos de sócio-fronteiras, a partir de meados do século XIX, tanto no Rio de Janeiro como no Recife. No Rio, ela se apresentou organizada em verdadeiras confrarias denominadas Maltas. Seus nomes variavam conforme a freguesia em se organizavam (espaços de sócio- fronteiras). Assim chamava –se de “cadeira da Senhora” a da freguesia do Santana; de “três cachos” a de Santa Rita ou Flor da Uva; a dos “Franciscanos” a do bairro de São Francisco; por “Flor da Gente” era conhecida a Malta Glória; “Espada”, a da Lapa; a de”Monturo”, a de Santa Rita, também conhecida por Lusitanos; a de “São Jorge” ou “Lança”, a do Campo da Aclamação.

As "maltas" eram grupos de vinte e até cem capoeiras (MORAES FILHO, s/d: 28) que tinham nome, gíria e costumes próprios. Embora existissem "amadores", que eram os capoeiristas não ligados a nenhuma malta, representativamente eram as maltas que assombravam a população. Por volta da proclamação da República a cidade estaria praticamente dividida em dois grandes grupos: as nações, nagoas ou "Nogos" e "Guaimums" (SOARES, 1994:40).


Tinham seus sinais característicos e suas saudações típicas. De seu ritual, faziam parte juramento e preces. Tomavam parte de todas as manifestações cívicas e festas populares. Eram vistos durante as paradas, precedidos pelos caxinguelês (aprendizes), gingando à frente dos batalhões durantes as paradas. Tinham espaços de treinos; os "ensaios" eram, estrategicamente, "nos domingos de manhã", dia de folga da escravaria urbana e dos trabalhadores em geral. Já vimos que grande parte dos capoeiras eram escravos domésticos ou trabalhadores.

O capoeira e jornalista, Plácido de Abreu, nos fala (Os capoeiras, 1886), com conhecimento de causa, do ensino nas maltas dos Guaiamus e Nagoas:

"Há pouco tempo o bando guaiamu costumava ensaiar os noviços no morro do Livramento, no lugar denominado Mangueira. Os ensaios faziam-se regularmente nos domingos de manhã e constavam dos exercícios de cabeça, pé e golpe de navalha e faca. Os capoeiras de mais fama serviam de instrutores. A princípio os golpes eram ensaiados com armas de madeira e por fim serviam-se dos próprios ferros, acontecendo muitas vezes ficar ensanguentado o lugar dos exercícios. Os nagoas faziam os mesmos ensaios, com diferença que o lugar escolhido por eles era a praia do Russel, para os partidos (as maltas) de São José e Lapa, e o morro do Pinto para o de Santana."

Mathias Assunção comenta, em relação à técnica de luta, que, nesta época no Rio de Janeiro, além disto:

" ... havia a combinação de cinco técnicas de luta complementares: cabeçada, chute, taponas (de mão), técnicas de faca e pau. Nenhuma fonte sugere que este tipo de combinação jamais tenha existido na África... a transformação do contexto social inevitavelmente tem impacto nos aspectos formais da prática da capoeira... Até que ponto a capoeira "creolizou-se" (isto é, partindo das raízes africanas tornou-se algo diverso, característico do novo local) pode ser visto, mais ainda, pelas mudanças substanciais que afetaram seu significado cultural e político na segundo metade do século XIX (ASSUNÇÃO, op.cit)"

Enquanto os marginais se mantinham ocultos, o capoeira primava pela notoriedade. 
As aparições nas festas populares e os feitos de arrogante coragem, destreza corporal e exibicionismo exacerbado - por exemplo, os capoeiras escalavam os muros, paredes e torres das igrejas e cavalgavam os sinos com seus corpos, ariscando a queda e a morte, fazendo-os soar -, fortaleciam o prestígio da capoeira frente a população; prestígio refletido na crescente presença de adolescentes nos "exercícios de capoeiragem" daquela época.

Moraes Filho, em  Capoeiragem e capoeiras célebresFestas e tradições populares do Brasil, narra :
"Os capoeiras há até quarenta anos passados (cerca 1850) prestavam juramento solene, e o lugar escolhido para isto era a torre das igrejas...no tempo em que os enterramentos se faziam nas igrejas e que as festas religiosas amiudavam-se, as torres enchiam-se de capoeiras, famosos sineiros que, montados nas cabeças dos sinos, acompanhavam toda impulsão dos dobros, abençoando das alturas o povo que os admirava, apinhado na praças e ruas... torres das igrejas - ninhos atroadores dos capoeiras profissionais."




Manduca da Praia

 

História do Capoeira Manduca da Praia!

Manduca da Praia, homem de negócios, respondeu a 27 processos por ferimentos graves e leves, sendo absolvido em todos eles pela sua influência pessoal e de amigos.
Era pardo claro, alto, reforçado, usava barba grisalha. Sua figura inspirava temores para uns e confiança para outros. Vestia-se com decência, chapéu na cabeça, usava um relógio que era preso por uma corrente de ouro, casaco grosso e comprido que impressionava as pessoas com seu porte, usava como arma uma bengala de cana-da-índia e a ele deviam respeito.
Certa vez na festa da Penha brigou com um grupo de romeiros armados de pau, ao final da briga deixou alguns inutilizados e outros estendidos no chão, entre outras brigas e confusões. Ganhava bastante dinheiro, seu trabalho era uma banca de peixe que tinha no mercado, vivia com regalias e finais de semana saia para as noitadas.
Morador da Cidade Nova, era capoeira por conta e risco assim disse Nulo Moraes. Manduca não participava da capoeiragem local, não recebia influência nem visitava outras rodas, pode-se dizer que ele era um malandro nato. Manduca da Praia conquistou o título de valentão, subestimando touros bravos, que sobre os quais saltava quando era atacado.
Por volta de 1850, Manduca "iniciou sua carreira de rapaz destemido e valentão,  dotado de enorme força física e "destro como uma sombra", Manduca cursou a escola de horários integral da malandragem e da valentia das ruas do Rio de Janeiro na época de perigosos capoeiras como, Mamede, Aleixo Açougueiro, Pedro Cobra, Bemetevi e Quebra Coco. Desde cedo destacou-se no uso da navalha e do punhal; no manejo do petrópolis - um comprido porrete de madeira-de-lei, companheiro inseparavel dos valentões da época - na malícia da banda e da rasteira; e com soco, a cabeçada e o rabo de arraia tinha uma intimidade a toda prova. Tinha algo que o destacava e diferenciava de seus contemporâneos - facínorasvalentes e rufiões - fazendo que se tornasse uma lenda viva, e mais tadre um mito cantado e celebrado até os dias de hoje:uma inteligência fria, calculista e implacável; uma sede de poder, de status e de dinheiro; tudo isso aliado a uma visão de comerciante e de homens de negócios. Fez fama e dinheiro. Foi famoso temido e respeitado.

Essa é uma pena parte da historia do Manduca da praia, um ponto de partida para pesquisas mais detalhadas.