domingo, 26 de fevereiro de 2012

Zumbi dos Palmares.







ZUMBI 
 O MESTRE DA RESISTÊNCIA

“Zumbi, comandante-guerreiro/Ogum-iê, ferreiro mor,
capitão/Da capitania da minha cabeça/Mandai alforria pro meu
coração”

Gilberto Gil & Walid Salomão,
Zumbi, a felicidade guerreira

Mãe áfrica mãe angola
Zumbi se foi mais deixou
Nos sangue do capoeira
Um grito que ecoa por toda minha alma
Um grito de raça forte, raça guerreira
Na mandinga de um negro velho
E meu grito de liberdade
E o axé da capoeira
(Jair ribeiro )




Na língua dos negros, 'quilombo' significava povoação, capital,
união; no Brasil, teve por significado local de refúgio. Os quilombos
eram divididos em aldeias de nome mocambo. Seus integrantes eram
chamados quilombolas, calhambolas, mocambeiros.
Zumbi nasceu no quilombo de Palmares por volta de 1655.
Décadas antes do seu nascimento este quilombo havia sido fundado por
um grupo de escravos fugidos de um engenho no sul de Pernambuco.
Localizado bem no alto de uma serra, onde estão hoje situadas partes
dos Estados de Alagoas e Pernambuco, de lá era possível a visão
privilegiada das imediações.
Herói do povo afro-brasileiro, coube a Zumbi liderar a gente do
quilombo num momento decisivo da luta contra os escravistas,
empenhados em sufocar a semente da liberdade que teimava por
crescer no solo brasileiro.
A história daquele que seria o Zumbi começa quando um grupo
de expedicionários liderados por um comandante chamado Brás da
Rocha ataca Palmares, no ano de 1655, levando um recém-nascido,
entre os adultos capturados. A criança foi entregue ao chefe da coluna
atacante, que por sua vez resolveu fazer um presente ao padre Melo,
cura de Porto Calvo. O religioso decidiu chamá-lo Francisco. O garoto
aprendeu a língua latina, o português e dando mostras da inteligência.
A grande batalha do chefe guerreiro Zumbi, zelando dia e noite
pela segurança do seu povo e lutando para que não fosse extinto o ideal
de se formarem comunidades onde conviviam negros, índios e brancos,
começou ao completar quinze anos, em 1670. Nesse ano Francisco
fugiu do padre Melo e voltou para Palmares. Livre desde que nasceu,
deixou para trás uma vida muito diferente daquela que iria levar.
Quando Francisco voltou a Palmares, o quilombo havia se
transformado numa fortaleza. Segundo estudos recentes, dez mil
pessoas, aproximadamente, viviam no local Eram negros fugidos,
mulheres capturadas, além de índios e brancos que se escondiam da
justiça colonial portuguesa. Plantava-se de tudo para o sustento da
população quilombola: feijão, milho, mandioca, cana-de-açúcar, batata.
E muitos desses artigos eram comercializados clandestinamente com as
cidades vizinhas, pobres em gêneros alimentícios porque se dedicavam
a uma única cultura: o plantio da cana-de-açúcar, base da economia de
exportação predominante nessa época.
O quilombo de Palmares era uma pequena África onde os negros
procuravam resgatar suas raízes, inclusive abandonando os nomes
recebidos dos escravistas e trocando por outros de origem africana. À
frente desse povoado estava Ganga Zumba e nas pequenas aldeias
lideravam chefes locais.
Ao retornar a Palmares, Francisco, com seus quinze anos, passou
a ser Zumbi. Vale lembrar que o Deus principal de Camarões e do
Congo é chamado Nzambi; em Angola denominavam Zambi o que
morreu; e no Caribe, Zumbis são mortos-vivos, criaturas que mesmo no
além jamais descansam.
Em Palmares foi livremente constituída sua família - pai, irmãos,
tias e tios. O principal dentre seus parentes: Ganga Zumba. Pouco
depois de retornar ao quilombo, Zumbi já era chefe de um desses
mocambos e defendia a região com imensa habilidade.
Palmares sofreu diversas investidas durante quase cem anos.
Quando os holandeses invadiram o Brasil, por volta de 1624, esses
ataques diminuíram muito: os colonos lusitanos estavam mais
preocupados em defender o território das ameaças externas. Foi nessa
época que o Quilombo mais se desenvolveu. Entretanto, após a
expulsão holandesa em 1654, uma verdadeira campanha contra
Palmares se fez surgir. Dezessete expedições organizadas por vilas
próximas, bem como pelo próprio governo de Pernambuco,
embrenharam-se pela mata para derrubar os palmarinos.
Em 1677, um tal Fernão Carrilho, exímio caçador de negros
entrou em ação. Marchando contra Palmares com seus combatentes,
Carrilho conseguiu derrubar alguns chefes de mocambos e matar vários
quilombolas. Neste ataque, Ganga Zumba foi ferido, mas ainda assim
conseguiu fugir. Em decorrência disso, foi levado a aceitar um tratado
de paz proposto pelo governador de Pernambuco em que se prometia
liberdade apenas aos nascidos no Quilombo.
Aos 23 anos, Zumbi rejeitou a paz dos escravistas, paz que
garantia sua liberdade - pois nascera em Palmares. Desmoralizado por
aceitar a proposta, Ganga Zumba viu-se diante de uma operação dos
quilombolas organizados para depô-lo, sob a liderança de Zumbi, que
neesse contexto tornou-se o líder maior do quilombo. Ganga Zumba
desistiu de tudo, partiu para Cacaú, ao sul de Pernambuco, onde viria a
morrer envenenado pouco tempo depois. Acredita-se que tenha sido
morto por enviados de Zumbi.
Zumbi assumiu o posto de chefe maior e reorganizou toda a
estrutura de Palmares. Preparou seus homens para os combates que
estavam por vir. Durante esse período, o governador de Pernambuco e a
própria Coroa procuraram negociar, garantindo vida ao líder e a seus
familiares, caso aceitasse a rendição. Zumbi preferiu lutar a entregar
seu povo: sua dignidade não tinha preço.
Os senhores de engenho não aceitavam as perdas de escravos,
mercadorias muito valiosas; o governo colonial não suportava mais
tanta derrota. Foi quando surgiu a idéia de contratar os bandeirantes
paulistas, conhecidos por serem grandes desbravadores e verdadeiros
assassinos.
Na guerra contra Zumbi e o povo de Palmares o sistema
escravista pretendia varrer da memória coletiva até a lembrança da
existência de possibilidades reais das populações oprimidas
construírem uma alternativa à estrutura social baseada na exploração
do trabalho forçado. O combatente que representava os civilizados
escravagistas: Domingos Jorge Velho.
Sobre este paulista, encarregado de destruir Palmares, escreveu
em 1697 um seu contemporâneo, o Bispo de Pernambuco: “Este homem
é um dos maiores selvagens com que tenho topado... tendo sido sua
vida, desde que teve razão - se é que teve, de sorte a perdeu tanto que
entendo não a achará com facilidade - até o presente, andar pelos
matos à caça dos índios, e de índias, estas para o exercício das suas
torpezas e aqueles para o granjeio de seus interesses.”
Após uma primeira derrota, Domingos Jorge Velho iria travar a
batalha definitiva no ano de 1694. Antes de completar 25 anos de vida,
Zumbi se recusou a desistir de lutar pela liberdade sem adjetivos,
concessões ou condições: combateria até o fim.
Apesar de toda a violência e da selvageria dos prepostos do
sistema colonial, não foi possível derrotar o símbolo do heroísmo do
povo brasileiro. Após muitos anos de luta os escravistas não
conseguiram submeter a alma dos resistentes. Cada guerreiro morto em
defesa do direito à liberdade é um exemplo de que só existimos na
plenitude quando somos livres. E morrer nessa luta significa dar a vida
pela própria vida.
Símbolo da resistência à dominação, Zumbi dos Palmares é
referência legada tanto às gerações africanas trazidas ao Brasil quanto
aos seus descendentes afro-brasileiros. Mestre na luta pela liberdade,
seu vulto se confunde com o caminho para a consciência do povo
brasileiro.

“Minha espada espalha o sol da guerra
Rompe mato, varre céus e terra
a felicidade do negro é uma felicidade guerreira
Do maracatu, do maculelê e do moleque bamba
Minha espada espalha o sol da guerra
Meu quilombo incandescendo a serra
Taliqual o leque, o sapateado do mestre-escola de samba
Tombo da ladeira, rabo de arraia, fogo de liamba...”

Acompanhado de um grupo considerável de combatentes
fortemente armados, Domingos Jorge Velho se lançou em direção à
Cerca Real do Macaco, onde se encontravam Zumbi e todo o seu
exército. Grande foi sua surpresa ao encontrar o esquema de defesa
montado pelos quilombolas. Muros gigantescos de pedra e madeira
formavam três fileiras, seguidas logo após por buracos camuflados com
estacas pontiagudas em seu interior. Em seguida, uma outra muralha
mais comprida, contava com guaritas que abrigavam atiradores.
Amedrontado, Jorge Velho mandou buscar canhões de Recife e
construiu, paralelamente à muralha de Zumbi, uma outra muralha. O
ataque foi fatal. O grande chefe dos quilombolas foi apanhado de
surpresa pelo descuido de um sentinela. Muitos morreram combatendo
ou se suicidaram; outros tentaram fugir pelo lado esquerdo da Cerca
Real, onde havia enorme precipício. Zumbi foi um dos que conseguiu
sobreviver à matança, mas Palmares foi inteiramente destruída.
Zumbi comandou seus guerreiros e venceu inúmeras batalhas
empregando com talento as técnicas da guerra de guerrilhas. No
combate em posição fixa encontrou o fracasso. Perdeu o domínio da
Serra da Barriga, onde se estabeleceram - entre disputas e conflitos
pessoais - os vencedores: bandeirantes, militares e "homens de bem" de
Pernambuco e Alagoas. Só restava uma alternativa: retornar à
estratégia da guerra do mato. Eram cerca de mil homens. Os guerreiros
foram divididos em dois bandos e foi confiada a chefia de um dos
grupos a um companheiro chamado Antônio Soares, que sofreu uma
emboscada. Soares foi preso e enviado sob forte escolta para Recife.
Nesse trajeto a escolta se encontrou com uma bandeira, chefiada
por André Furtado. Soares foi seqüestrado e por longo tempo sofreu
violentas torturas aplicadas por seus captores: queriam que revelasse
onde era o esconderijo de Zumbi. Como não obtinha êxito, Furtado
mudou de tática: garantia sua vida e liberdade se cooperasse. Deu
certo. Soares era da confiança de Zumbi. Foram em sua procura, e
quando Zumbi se preparava para abraçar o companheiro, foi
surpreendido: Soares cravou-lhe uma faca na barriga.
Nos olhos de Zumbi deve ter surgido então um outro brilho: de
tristeza e desencanto. Dos seis guerreiros que o acompanhavam, a
fuzilaria que saía do mato ao redor derrubou cinco, de imediato. Ferido
e sozinho, lutou até o último momento: matou um dos atacantes e feriu
outros. Amanhecia o dia 20 de novembro de 1695.
Zumbi foi esfaqueado, baleado e mutilado, tendo seu pênis
decepado e enfiado em sua boca. Era um homem magro, pequeno e
coxo; muito diferente da imagem construída a seu respeito. Seu corpo
foi reconhecido pelo padre Antônio Melo, o mesmo que batizara o
pequenino Francisco. Segundo o padre, algumas vezes Zumbi desceu a
Porto Calvo para visitar seu antigo tutor e numa dessas visitas o
guerreiro já estava com a perna afetada por um ferimento sofrido em
combate.
A violência contra Zumbi não parou aí: sua cabeça foi cortada,
mergulhada em sal e mandada para Recife, com a finalidade de ser vista
pelo povo que o considerava imortal. Mas isso de nada disso foi
suficiente para impedir que renascesse num mito: sua coragem, sua
força se tornaram eternas para os que continuaram resistindo contra a
escravidão. Assim é que nos muitos quilombos que se formaram pelo
Brasil nos séculos seguintes e para os que hoje relembram a sua
história de luta, Zumbi permanece vivo na lição de resistência.
De forma exemplar, Zumbi encarna os horrores do escravismo.
Zumbi permanece vivo na lição de resistência e é - para sempre! - um
cadáver insepulto, um morto vivo. Sua lembrança sobreviverá aos
tempos que nos obrigam a sonhar, à historiografia oficial que insiste em
ignorar sua real importância. Permanecerá como símbolo das
atrocidades infindáveis do poder ilimitado, arbitrário, prepotente.
Ficará, acima de tudo, como exemplo a todos que resistem à opressão e
lutam por liberdade e justiça.

“Em cada estalo, em todo estopim, no pó do motim
Em cada intervalo de guerra sem fim
Eu canto, eu canto, eu canto assim
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira...


Fonte: Livro A Arte da Capoeira 
Autor: Camille Adorno


Temos muito mais a falar sobre zumbi, mais por enquanto é so Axé para todos, em breve postaremos mais sobre nosso heroi ganga zumba ogum ie camara.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

As Filhas de Nzambi.


Quem disse que a Capoeira ou qualquer outro esporte é formado apenas de homens?

                     

É meus caros elas estão dominando o mundo, diga-se de passagem, com muito charme e beleza.

A Associação Filhos de Nzambi, tem um grande orgulho de postar uma pequena homenagem a suas Capoeiristas que vêm mostrando cada dia mais e mais que estão conquistando seu espaço e respeito. É bom se segura e não se deixe levar beleza e aparecia frágil porque que elas tem o pé pesado.
“Esse Post vai sempre esta sendo atualizado então não se preocupe Filhas de Nzambi a qualquer hora a sua foto vai esta aqui entre essas primeiras.”

Auxiliar Monitora Fabiola Apelido Fá.

Filha de Nzambi exemplar participativa e dedicada, 9 anos de historia repleta de muitas superações e conquistas, Fá além de ótima capoeirista também vêm se destacando no auxilio e desenvolvimento dos projetos dos Filhos de Nzambi ajudando formatar novas ideias voltados par o crescimento do grupo e o amparo social. Dona de um jogo de capoeira contido, porém oportunista, ela sabe exatamente a hora certa de encaixar um contra golpe preciso e principalmente quando é necessário. Fabiola é sem duvidas a mais cotada para se torna a segunda ocupar o cargo de monitora dos Filhos de Nzambi fato que requer muita dedicação e esforço.

Auxiliar Monitora Ana Lagares Apelido Aninha.
Aninha sem duvidas é um fenômeno dos Filhos de Nzambi, Começou treinar aos 7 anos de idade conosco hoje com 18 anos ainda nos surpreende. Desde cedo mostrou que capoeira era coisa seria para ela. Hoje quando Aninha entra na roda é bom pensar duas vezes antes de fazer alguma gracinha, dona de uma joga audaz e agressivo chama atenção pela postura e perfeição na exclusão dos movimentos.

Agora algumas alunas que fazem a diferença mesmo não sendo graduadas estão sempre atuando e fazendo da nossa associação o que é!

Lania.
Sem duvidas fica difícil de dimensionar a grandiosidade  do carinho que todos tem com essa aluna,  participante do grupo sempre que possível presente e atuante. Lania é o carisma em pessoa.

Laura Porto. 
Atualmente coordenadora do projeto São Marcos, onde os alunos e os além  da Capoeira tem aulas de reforço escolar entre outras atividades que estão sendo desenvolvidas. Laura ainda é um grande suporte para o grupo, onde por diversas vezes contrubuio para realização da vários feitos nos Filhos de Nzambi.

Nelice Apelido Morena.
 
Morena vem conquistando seu espaço no nosso grupo aos poucos se adaptando ao nosso estilo de capoeira e formação de capoeiristas. Morena ingressou nos Filhos de Nzambi a dois anos após 15 anos em outro grupo, mais já incorporou o espirito dos Filhos de Nzambi e sua participação vem se mostrando muito valiosa nos eventos do grupo.

Patrícia Teles.

Essa integrante dos Filhos de Nzambi de Bambuí, é peça importantíssima no grande mosaico de pessoas que formam esse grupo, Patrícia é um grande auxilio no desenvolvimento de projetos em prol do crescimento do grupo na cidade de Bambuí. Mãe de dois bons capoeiristas  do nosso grupo, além de uma capoeirista dedicada,  não tem orgulho maior para nosso grupo. 

Em breve muito mais galera!
                       Morena                              Aninha                                         Fá